Justiça converte em preventiva prisão de homem que manteve esposa e criança em cárcere privado em Guaxupé, MG
30/06/2025
(Foto: Reprodução) Mulher foi encontrada morta dentro de casa. Na audiência de custódia, juiz destacou a frieza e a violência do caso ao decidir pela prisão preventiva. Justiça mantém prisão de homem que manteve esposa e sobrinha em cárcere em Guaxupé, MG
A Justiça converteu neste domingo (29) a prisão de Dário José de Almeida Júnior, de 28 anos, de flagrante para preventiva. Ele foi preso por manter reféns a esposa e uma criança, sobrinha dela. A mulher foi encontrada morta dentro de casa, em Guaxupé (MG).
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Segundo a Polícia Civil, a prisão em flagrante foi ratificada pelos crimes de feminicídio, tentativa de homicídio qualificado, estupro de vulnerável e extorsão mediante sequestro. Ele foi encaminhado ao Presídio de Guaranésia/Guaxupé.
Após a audiência de custódia, a decisão do juiz Flávio Branquinho da Costa Dias destacou a alta periculosidade de Dário, evidenciada pela frieza e violência dos crimes cometidos.
"Na espécie, a prisão preventiva do flagranteado se fundamenta na garantia da ordem pública, eis que manifesta a alta periculosidade dos agentes, traduzida pela frieza e violência do conduzido que, aparentemente, após assassinar a esposa, teria estuprado uma menor, com manutenção da criança em cárcere privado e exigência de resgate para liberação da infante", diz o documento.
O magistrado apontou ainda que outras medidas cautelares seriam ineficazes diante do desrespeito do preso às regras básicas de convivência e do risco de novos crimes.
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Conforme a delegada Mirele Leia Mafra, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Guaxupé, as investigações seguem com perícias e diligências. O inquérito deve ser enviado à Justiça em até 10 dias após o caso.
A Defensoria Pública representa Dário José de Almeida Júnior no processo. A EPTV, afiliada Rede Globo, tenta contato com o defensor, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Casal havia namorado por três anos e estava casado há dois meses, período em que passou a morar na casa onde o crime ocorreu
Reprodução Fabiano Minatto/EPTV / Redes sociais
Cárcere privado
O crime deixou muitos moradores abalados em Guaxupé, cidade com pouco mais de 50 mil habitantes. Foram longas horas de negociação com a polícia.
"Todo mundo sentido, né? Porque nunca aconteceu isso aqui na nossa região, na nossa casa. Fazia três meses que eles moravam ali, que eu fiquei sabendo. E aconteceu uma tragédia dessa, todo mundo fica chateado, né?", comenta o motorista Osmar Rodrigues de Lima.
"A cidade inteira fica abalada com uma situação dessa, sabe? Você via pessoas na rua chorando, orando, rezando, para ter um final melhor", disse o aposentado Antônio Palandi.
Urso de pelúcia próximo ao portão da casa onde menina de 8 anos ficou em cárcere privado por 10 horas em Guaxupé, MG
Eduardo Marins/EPTV
Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou às 7h15 da manhã de sábado (28), quando Dário ligou para uma testemunha por chamada de vídeo, dizendo que tinha matado a esposa e que estava de posse da sobrinha, declarando que pretendia matar a menina.
Conforme o registro policial, ele pediu a essa testemunha que duas viaturas ficassem posicionadas nas esquinas da rua onde eles estavam. Ainda durante a chamada, ele exibiu uma pistola demonstrando estar armado e que estava disposto a atirar.
Viaturas foram enviadas para a frente da casa, uma delas inclusive foi atingida por um disparo. Foram muitas negociações feitas durante a manhã pela Polícia Militar.
Sem sucesso, foi solicitado o apoio de uma equipe do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de Belo Horizonte (MG). A equipe assumiu os trabalhos no início da tarde.
Homem mantém mulher e criança como reféns em Guaxupé, MG
Fabiano Minatto/EPTV
Os policiais do Bope continuaram as negociações, conversando com Dário por meio de uma videochamada. Em um certo momento da ligação, ele exigiu à equipe R$ 13 mil a serem pagos para a ex-mulher dele. Uma testemunha chegou a fazer essa transferência.
O boletim de ocorrência detalha ainda que o homem afirmou em uma mensagem de texto, enviada ao negociador, que teria abusado da sobrinha.
Enquanto as negociações eram feitas, vizinhos revoltados com a situação e familiares das vítimas acompanhavam os trabalhos. Uma parente, bastante emocionada, orava na esperança da liberação das reféns.
Cárcere privado em Guaxupé mobilizou vizinhos e familiares em oração na esperança da liberação das reféns
Carlos Alberto da Silva Junior - Jornal Jogo Sério
Um vizinho que mora a 300 metros de onde tudo aconteceu acompanhou a movimentação dos policiais.
"É um clima assustador, a gente não está acostumado a vivenciar isso, até porque são pessoas próximas, né, vizinhos, e que gente está ali no dia dia e assusta a gente já tomar uma notícia dessa, né?", relata o empresário Bruno Nascimento Gallate.
Às 17h30, depois de 10 horas de negociação, que a criança foi liberada. Ela estava bem e foi atendida por uma equipe do Samu e do Corpo de Bombeiros.
Por volta de 18h, Dário se entregou aos policiais. Foi só depois de entrar na casa que os policiais confirmaram que a mulher estava sem vida. Sob forte comoção e a revolta de moradores, Dário foi preso em flagrante e colocado na viatura.
"O Bope chegou para fazer a negociação, assumir as negociações, que eles são treinados tecnicamente e taticamente, e também fazer o cercamento do local para verificar como a ocorrência evoluía. Felizmente a negociação deu certo, ela cumpriu o objetivo. Primeiro foi liberada a menina de 8 anos e depois o infrator se entregou", explicou o tenente-coronel Afrânio Tadeu Garcia, comandante do 43º BPM de Guaxupé.
Cárcere privado em Guaxupé: homem se rendeu e foi preso em flagrante no fim da tarde
Polícia Militar
Relação do casal
Na casa onde o casal morava ficaram as marcas de tiros na janela. Os dois estavam casados há dois meses, segundo familiares. Antes do casamento, eles namoraram por três anos.
Vizinhas que moram em frente à casa contaram que Dário e Anelise não tinham muito contato com a vizinhança.
"Muito discretos, eles não saíam muito. Eu acho que ele fazia home office, alguma coisa do tipo. Ela trabalhava pra fora. Só que eram muito quietos", relatou a estudante Sabrina de Melo Borges.
Janela de vidro ficou marcada por tiros na casa onde o marido manteve esposa e sobrinha em cárcere privado em Guaxupé, MG
Eduardo Marins/EPTV
Anelise de Carvalho Gomes foi enterrada na manhã de domingo no Cemitério Municipal de Guaxupé.
"Tá faltando muita paciência, amor, então, a gente perder uma pessoa assim é muito triste. A gente está esperando ter aquela ansiedade do que podia estar acontecendo e infelizmente o que ocorreu, né? A gente fica muito triste com essa situação", completa o empresário Bruno Nascimento Gallate.
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