'Tentei de tudo', diz autor após levar filme do ET de Varginha para Uberaba por falta de apoio
14/07/2025
(Foto: Reprodução) Livro que denuncia suposto acobertamento do 'ET de Varginha' vira filme 30 anos após o caso
Trinta anos após o suposto encontro de três meninas com uma criatura de olhos vermelhos e chifres, o caso "ET de Varginha" vai ganhar as telas do cinema como filme de ficção científica. O longa-metragem "Incidente em Varginha", inspirado no livro homônimo do ufólogo Vitório Pacaccini, tem estreia prevista para 2026 — ano que marca três décadas de um dos maiores mistérios da ufologia.
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Embora dê nome ao filme, a maior parte das filmagens acontecerá em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Segundo o autor, a escolha da cidade como principal locação foi motivada pela falta de apoio no município sul-mineiro, que é o cenário original do caso ocorrido em 1996.
Conforme o ufólogo, os primeiros passos para transformar o livro em filme foram dados ainda em 2022, durante a inauguração do Memorial do ET. As propostas iniciais foram apresentadas às autoridades locais, mas não avançaram.
“Tentei de tudo para ter apoio financeiro em Varginha. Levei o projeto ao conhecimento da prefeitura, da Fundação Cultural, da Secretaria de Turismo, do Sebrae e até do setor cafeeiro. Apesar da escuta respeitosa, não consegui viabilizar a produção”, afirmou o ufólogo Vitorio Pacaccini ao g1.
Assim como o Memorial do ET, vários elementos relacionados ao caso fazem parte da história de Varginha
Ascom Prefeitura de Varginha-MG
O projeto amadureceu e, em 2024, encontrou solidez com a equipe uberabense. A escolha por rodar grande parte do filme fora de Varginha gerou reações entre moradores da cidade e repercutiu nas redes sociais.
“Deveria ser gravado aqui, porque o caso aconteceu na nossa cidade. E temos uma nave!”, comentou uma usuária. "Acharam a cidade de Varginha feia pro filme, só pode", lamentou outra. “Nem o ET é mais de Varginha. Que fase!”, brincou um internauta.
"As pessoas entenderam errado achando que tudo seria filmado em Uberaba. Claro que muitas cenas externas que identificam Varginha serão gravadas aí. O museu, por exemplo, vai aparecer. É o mais lindo museu ufológico do mundo. Mas mover toda uma equipe para Varginha para gravar cenas internas seria inviável financeiramente", disse ao g1.
Ainda assim, Pacaccini afirma que o município do Triângulo Mineiro foi o único a oferecer o suporte necessário para tirar o projeto do papel.
"Meu relacionamento com Varginha é pautado por amizade sincera e profunda admiração. Nunca deixei de acreditar que este filme deveria e merecia ser realizado. E foi nessa caminhada que, através de novos contatos e amizades, fui calorosamente acolhido pela cidade de Uberaba, onde encontrei não apenas apoio institucional, mas também o entusiasmo necessário para dar andamento à produção", disse em carta aberta à população.
Vitório Pacaccini é um ufólogo conhecido pela extensa pesquisa sobre o caso do 'ET de Varginha'
Arquivo pessoal/Vitório Pacaccini
Em nota ao g1, a Prefeitura de Varginha afirmou compreender a frustração com a falta de apoio financeiro do poder público, mas destacou que o uso de recursos depende de exigências legais, critérios técnicos e burocracias, o que dificulta a transferência direta de verbas, especialmente para iniciativas que não passaram por processos oficiais de seleção ou planejamento.
A prefeitura também citou o documentário "Moment of Contact", produzido de forma independente e sem uso de verbas municipais. A administração reafirmou o respeito ao ufólogo e se colocou à disposição para dialogar e avaliar, dentro das possibilidades legais e orçamentárias, formas de apoio institucional a ações que valorizem a memória e a identidade cultural do município.
Já o Sebrae Minas disse que foi procurado por Pacaccini em 2022 para atuar como facilitador entre ele e instituições públicas e privadas da região, com o objetivo de buscar futuros investimentos para o projeto audiovisual. Ele foi atendido e o Sebrae ofereceu suporte em assuntos relacionados à gestão, inovação e acesso a oportunidades, conforme o papel institucional da entidade.
Roteiro, elenco e filmagens
Os seis primeiros meses deste ano foram dedicados à criação da narrativa. Atualmente, em julho, o filme está em fase de pré-produção, com a equipe envolvida na definição de locações, no planejamento de efeitos especiais e nos ajustes técnicos de computação gráfica.
O elenco principal é 100% mineiro e já foi apresentado ao pesquisador. Os atores participaram de uma palestra com Pacaccini para se familiarizarem com a história e os detalhes da investigação.
As gravações têm início previsto para agosto deste ano. A primeira fase ocorrerá em Uberaba, com filmagens de cenas internas, como laboratórios, hospitais e instalações militares. Já a segunda etapa, programada para entre outubro e novembro, será dedicada às cenas externas, que exigem as características urbanas e visuais de Varginha.
A finalização está programada para dezembro, e o lançamento do longa está previsto para janeiro do ano que vem.
O livro e as denúncias
Livro 'Incidente em Varginha: Criaturas do Espaço no Sul de Minas' de Vitório Pacaccini (1996)
Arquivo pessoal/Vitório Pacaccini
Lançado originalmente em 1996, o livro "Incidente em Varginha", de Vitório Pacaccini e Maxs Portes, foi relançado em 2024 com nova edição atualizada e distribuição em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e México.
A obra reúne relatos de testemunhas, depoimentos de militares e ufólogos, reportagens de jornais locais e documentos confidenciais do que seria "uma operação militar secreta envolvendo o Exército Brasileiro, o Corpo de Bombeiros e os militares dos EUA em uma aparente tentativa de esconder o evento e suas implicações do público", conforme a sinopse.
"Eu tive contato com as testemunhas militares que participaram das operações, que já deram seus depoimentos. Eu não seria doido de ir a público, denunciar tudo o que denunciei, citar horários em que as operações aconteceram, dar o nome de militares, se eu não tivesse como provar isso", disse Paccacini ao g1.
À época, Pacaccini chegou a ser investigado em um Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pelo Exército, mas foi inocentado. A apuração concluiu que o episódio teria sido um grande mal-entendido e que a criatura vista pelas meninas seria, na verdade, um morador da cidade.
“A pesquisa nunca foi paralisada. Estamos em contato com testemunhas civis e militares desde o início até hoje", explicou Pacaccini.
Bastidores da adaptação
Com orçamento estimado em R$ 10 milhões, a versão cinematográfica se enquadra no gênero de suspense com elementos de ficção científica. O longa propõe uma narrativa que mistura tensão, drama e investigação.
A produção será dublada em inglês e espanhol, com distribuição nacional e internacional. Segundo Pacaccini, há também a expectativa de expandir a história em formato de minissérie para plataformas de streaming.
"O filme é todo baseado na minha pesquisa e na obra literária, mas com adaptação para o cinema. Precisamos criar personagens, criar diálogos. Não é um documentário. O roteiro que eu escrevi vai levar o público às emoções, às lágrimas e ao aplauso no final", afirmou ao g1.
Seguindo as pesquisas de Vitorio Pacaccini, de Belo Horizonte, a direção do longa é assinada por Fábio Ramalho, cineasta premiado e natural de Uberaba. A produção executiva é de Fernanda Pires, diretora de uma organização internacional dedicada à pesquisa ufológica.
Relembre o caso 'ET de Varginha'
Caso de ET de Varginha ainda traz dúvidas e mistérios
Arte / Renato Munhoz / EPTV
Varginha é conhecida pela suposta aparição extraterrestre, que se tornou referência ufológica no mundo desde quando três meninas afirmaram ter visto um ser estranho em 20 de janeiro de 1996.
Kátia Xavier, Valquíria Sílvia e Liliane Sílvia descreveram a criatura como um alienígena com "pernas, braços, chifres, pele marrom e olhos vermelhos". Depois de ser manchete no Brasil inteiro e marcar a história dos anos 1990 no país, foram criadas diversas teorias e versões da história.
O caso, que há décadas movimenta o turismo e o imaginário popular, foi reconhecido oficialmente em 2023, quando foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial de Varginha. O episódio hoje influencia desde souvenirs até elementos do mobiliário urbano.
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